ORA ET LABORA

ORA ET LABORA
História da vida monástica beneditina na sala capitular de S. Bento de Singeverga da autoria de Claudio Pastro// History of Benedictine monastic life in the Chapter Hall of St. Benedict Singeverga// Geschichte des Benediktiner-monastische Leben in den Kapitelsaal der St. Benedikt von Singeverga

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Benedic!

Desejo que 2010 traga alegrias a muitas mais pessoas. Um Bom ano de Paz!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem esperamos!?


O que significa para nós, Cristãos, o Advento? Será que ainda estamos à espera d' Aquele que já veio? Contudo, tanto o Advento como o Natal não se resumem a simples comemorações, como acontece no dia do nosso aniversário ou nas bodas de ouro etc. O Advento acontece hoje; o Natal é, pouco importa se já foi (se se realizou somente no passado). O que é mais importante é que no Advento e no Natal entramos num tempo que não tem, fundamentalmente, sentido cronológico. Estes tempos, como aliás todos os restantes tempos litúrgicos, são os tempos da Graça. Não são os anos do menino Jesus que comemoramos; celebramos sim o começo da história da nossa Salvação que se manifesta a partir do momento em que se realiza em cada um de nós o Mistério da Encarnação e que só terá o seu cumprimento absoluto na Páscoa que há-de vir no fim dos tempos. Por isso estejamos atentos pois Ele cruza-se connosco constantemente: no pobre, no drogado, no peregrino, no ladrão, no trabalhador, no desempregado...
Ele irá questionar-nos: "que fizeste do teu irmão? Pois bem, foi a MIM que o fizeste!"
Concluindo: se Deus não encontrar um lugar em cada um de nós, não terá começado para nós a Alegria do NATAL.

A todos desejo a PAZ.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A lenda chinesa dos "três monges"


Conta-se, na China, existirem em tempos três monges.

Só faziam uma coisa: entravam numa aldeia, ficavam especados no local do mercado e começavam a rir.

Uma multidão se juntava em torno e, só de olhar para eles que riam com todo o seu ser, todos desatavam a rir.

Toda a aldeia se envolvia e, então, os monges dirigiam-se para outra aldeia.

Eram muito amados.

Era esse o seu único sermão, a única mensagem - aquele riso.

Não ensinavam nada, limitavam-se a criar a situação.

"Os três monges do riso" tornaram-se conhecidos em todo o país.

Toda a China os amava e os respeitava. Nunca alguém pregara aquele caminho - que a vida devia ser uma risada e nada mais, e eles nao riam de ninguém em particular, simplesmente riam, como se tivessem entendido a anedota cósmica.

Sem uma única palavra, espalharam imensa alegria por toda a China.

Quando lhes perguntavam os nomes, eles limitavam-se a rir, daí o nome "os três monges do riso".

Envelheceram e, numa aldeia, um dos três monges morreu.

Toda a aldeia ficou ansiosa e cheia de expectativas, agora, que um deles tinha morrido, havia um motivo para chorar. Ninguém conseguiia imaginar qualquer deles chorando.

Toda a aldeia se reuniu.

Os dois monges ladeavam de pé o cadáver do terceiro e riam compulsivamente. Então, os aldeãos, pediram "pelo menos expliquem-nos isto!".

Pela 1ª vez, eles falaram: "estamos a rir porque este homem venceu.

Estávamos sempre a pensar qual de nós morreria 1º e este homem derrotou-nos. Estamos a rir à nossa derrota, à sua vitória.

Além disso, ele viveu connosco muito anos, rimos juntos e desfrutámos de muita alegria. Não há melhor maneira de lhe desejar boa viagem.

Só somos capazes de rir".

Toda a aldeia estava triste, mas quando o cadáver do monge foi colocado na pira funerária, então todos compreenderam que não eram apenas os outros dois que se estavam a divertir - o terceiro homem, o que estava morto, também estava a rir.

Porque tinha dito aos seus companheiros "nao mudem as minhas vestes" contrariamente à tradiçao que, além de mudar as vestes mandava dar um banho.

"Não me dêem banho porque eu nunca estive sujo, ri tanto na minha vida que, perto de mim. não se pode acumular qualquer impureza.

O riso é sempre jovem e fresco. Por isso, nao me dêem banho nem mudem as minhas vestes".

Assim, por respeito, o fizeram . Quando o corpo foi colocado no fogo, depressa se aperceberam que havia muita coisa escondida sob as vestes: e essas coisas accionaram ... um fogo de artifício chinês!

Toda a aldeia desatou a rir e os outros dois disseram "seu malandro!

Morreste mas continuas a derrotar-nos.

És o último a rir."

(Enviado por um amigo, a quem agradeço)


Porquê viver na tristeza quando podemos deitar mão das coisas simples que nos dão esperança e força para viver na mais verdadeira alegria?
Uma vida "condimentada" pelo silêncio e ascese - como acontece na vida monástica - não tem que ser necessáriamente triste; aliás, se não houver alegria no seguimento de Jesus então é porque algo vai mal e teremos que fazer uma paragem para rever o caminho já percorrido e rever objectivos. A alegria é parte essencial no caminho dos monges porque eles se sentem configurados e amados por Deus, Pai e Guia de toda a Humanidade. Onde existe Amor, jamais a tristeza triunfa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Para pensar!

"Diz o Senhor: O meu nome é ultrajado no meio dos povos. E ainda: Ai daquele por cuja causa o meu nome é ultrajado. Por que motivo é ultrajado o nome do Senhor? Porque não pomos em prática o que dizemos. Quando ouvem da nossa boca a palavra de Deus, os pagãos ficam admirados com a sua excelência admirável. Mas quando tomam conhecimento de que as nossas obras não correspondem às nossas palavras, começam a blasfemar, dizendo que tudo é fábula e mentira.
Quando nos ouvem dizer que Deus afirma: Não tendes especial merecimento se amais os que vos amam; tereis merecimento se amardes os vossos inimigos e aqueles que vos odeiam, ficam admirados ante a sublimidade destas palavras. Mas se verificam que nós não só não amamos os que nos odeiam mas nem sequer os que nos amam, riem-se de nós e blasfemam o nome do Senhor."

(De uma Homilia de um autor do séc. II)
[O texto pode ser encontrado no Breviário Romano: Ofício de Vigílias da XXXII Semana, Quinta-Feira]

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Solesmes - mil anos de história: 1010 - 2010

A Abadia beneditina de S. Pedro de Solesmes (França) já deu início às celebrações do seu milenário. Ao longo de todo o ano 2010 ocorrerão diversas actividades de cariz cultural e religioso. Esta Abadia é famosa pelos estudos sobre o Canto Gregoriano e os Padres da Igreja. É de notar, ainda, que Solesmes foi o cenóbio de uma das figuras chave da restauração monástica beneditina depois da Revolução Francesa - D. Prosper Guéranger.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A luta quotidiana do crente

Perguntaram uma vez ao abade Agatão (monge do séc. IV?): «Qual a virtude, ó pai, que entre as demais exige maior labor?» Respondeu o abade: «Desculpai-me, julgo que não há labor igual ao da oração a Deus. Pois, todas as vezes que o homem quer orar, os inimigos tentam dispersá-lo; bem sabem que não são vencidos por outro meio senão através da oração. Na prática de qualquer virtude que o homem assuma em si, se perseverar, consegue a tranquilidade; na oração, porém, até o último suspiro requer luta».

(Das sentenças dos Padres do deserto)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Do Espírito Santo


O Espírito Santo vivifica,
tudo move e de toda a criatura é raiz,
de toda a imundície purifica,
lavando máculas e ungindo feridas:
vida fulgente e digna de quem o louva,
suscita e ressuscita todas as coisas.

(Hildegarda de Bingen)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Vida de S. Bento (resumo)


S. Bento, cuja vida decorre entre 480-547, nasceu em Núrsia (Úmbria, Itália). Foi um verdadeiro “homem de Deus”, conforme narra o Papa S. Gregório Magno (+604), ao fazer a sua biografia no “II Livro dos Diálogos”, mas não tão apoiados em factos históricos, mas sobretudo preocupado em mostrar, à luz de exemplos bíblicos, como o santo Patriarca do monaquismo ocidental “foi cheio do espírito de todos os justos”.

Trata-se de uma biografia exemplar, cujo género literário é de sabor bíblico e essencialmente motivador. Para além dos muitos milagres que narra e com que acredita a vida do santo, o biógrafo exalta a “Regra dos Monges” que S. Bento escreveu e com que levou tantos discípulos à vivência do Evangelho de Cristo depois de ter fundado os célebres mosteiros de Subiaco e Monte Cassino. É sobretudo nos dados do “Livro dos Diálogos” que os artistas fundamentaram a iconografia de S. Bento. Foi, contudo, pela Regra e pelos beneditinos, seus filhos espirituais e continuadores, que S. Bento mereceu ser proclamado “Padroeiro Principal de toda a Europa” pelo Papa Paulo VI (24/10/ 1964).

Na verdade, os seus monges, com a Cruz da fé, o Livro da cultura e Arado do trabalho, foram, na Idade Média, os autênticos obreiros da Europa cristã. É isto que faz a actualidade de S. Bento e dos seus monges beneditinos, cujo lema, “Ora et Labora”, se tornou paradigmático do monaquismo beneditino; por outro lado, a flexibilidade da Regra e a adaptabilidade que S. Bento lhe imprimiu, tudo isso explica a vitalidade da Ordem Beneditina, a única da Igreja Católica do Ocidente anterior ao ano mil.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A cor do corvo

Os discípulos de um velho abade estavam confiantes das suas habilidades para discutir os mais variados assuntos. Ele percebeu então que eles se estavam tornando arrogantes e tentavam, cada um deles, mostrar mais sabedoria que os demais. Então chamou-os para uma discussão e perguntou:

-- Por que o corvo é da cor do carvão?

Cada um deles deu uma explicação. Alguns apelaram para os seus conhecimentos em biologia e física. Outros, se utilizaram da filosofia. Outros, ainda, usaram a mitologia.
O abade apenas ouviu e ficou em silêncio. Então um dos discípulos perguntou:

-- Qual das respostas é a melhor?

-- Vocês demonstraram que possuem grandes conhecimentos, mas ninguém deu a resposta que eu queria ouvir.

-- E qual é essa resposta?

-- O corvo é da cor do carvão porque ele é preto.

A Diversão do Monge

Um camponês, indo para a taverna encontra-se com um monge:


C-- Eu acho louvável a vida de um monge, mas às vezes eu penso que deve ser muito difícil viver no mosteiro sem nenhuma diversão.

M-- Diga-me então como faço para me divertir.

C-- Não basta dizer. Seria bom se o senhor me pudesse acompanhar, mas creio que não conseguirá entrar no ambiente impuro de uma taverna.

M-- Não se preocupe, eu o acompanharei.


Os dois foram então à taverna. Ao entrar, houve um constrangimento geral. O monge sentou-se no lugar que o camponês indicou, numa mesa com vários amigos seus. O monge, percebendo o constrangimento, disse:

-- Façam de conta que não estou aqui.


Pouco a pouco, as conversas começaram e logo o ambiente voltou à sua normalidade. Todos bebendo, rindo e conversando. O monge começou então a participar das conversas, a rir das piadas, mesmo das que faziam referências aos monges e à sua vida frugal do mosteiro. Por fim ele mesmo contou algumas anedotas de monges.
Ao cair da noite, o camponês, a caminho de casa, disse:

-- Irmão, o senhor surpreendeu-me. Não pensei que soubesse como se divertir.

O monge respondeu:

-- No templo eu oro, na taverna eu me divirto.
Não é isto que faz o homem comum?
Então, o homem comum é um monge.

(Autor anónimo)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O monge e o mundo

Um mosteiro não é nem um museu, nem um asilo. O monge permanece no mundo que abandonou. Para além de todas as tarefas que poderão ser, por si, executadas, age sobre o mundo pelo simples facto de ser monge.

Entretanto o monge é tradicionalmente alguém que deixa o mundo, foge da companhia dos outros homens e procura encontrar-se com Deus, vivendo na solidão. Não se arrisca ele, por isso, a perder todo o contacto com a realidade e a privar-se da união vital com os seus irmãos em Cristo? Não será, então, a vida monástica uma fuga para a esterelidade, um evadir-se de toda a responsabilidade de viver? Não diminui ela, completamente, e restringe a vida do homem, ao ponto de este cessar de viver, passando os dias a vegetar, vítima de piedosa ilusão?



Deve-se admitir que a toda a vocação correspondem os riscos profissionais, e o monge que perde o sentido da sua vocação monástica poderá bem desperdiçar a vida numa estéril preocupação de si próprio. Mas devemos precisamente procurar a razão dessa 'fuga' do mundo que o monge efectua, no facto de que o 'mundo' (aquele que Jesus condenou) é a sociedade daqueles que vivem exclusivamente para si. Deixar o 'mundo' significa, portanto, em primeiro lugar, deixar-se a si mesmo e começar a viver para os outros. O mosteiro tem por finalidade criar o ambiente favorável a este esquecimento próprio (que não é - de todo - a extinção da responsabilidade de cuidar de si mesmo). Se alguns monges, porém, utilizam mal esta oportunidade que lhes é dada e se tornam egoístas é porque fisicamente deixaram o 'mundo' trazendo contudo, nos seus corações, o espírito mundano para o mosteiro.



Diante de Deus, diante dos homens, diante do espírito mundano, seu antagonísta, está o monge carregado de tremenda responsabilidade, a responsabilidade de continuar a ser aquilo que o seu nome significa: um indiviso, um homem de Deus. Não apenas alguém que abandonou o mundo, mas alguém capaz de testemunhar e representar Deus neste mundo que o Filho de Deus salvou pela morte na Cruz.



(Do livro: A vida silenciosa (adaptado) de fr. Thomas Merton, OCSO)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A virtude do silêncio


Façamos o que diz o Profeta: «Disse eu: vigiarei os meus caminhos para não pecar com a língua; pus guardas à minha boca, emudeci, humilhei-me e abstive-me de falar mesmo de coisas boas» (Sl 38, 2-3). Nisto mostra o Profeta que, se devemos algumas vezes abster-nos até de conversa boas, por amor do silêncio, quanto mais não devemos evitar as palavras más...
Por conseguinte, dada a importância da virtude do silêncio, raras vezes se conceda aos discípulos, ainda que perfeitos, licença para falar, embora de coisas boas, santas e de edificação , pois está escrito: «Falando muito, não evitarás o pecado» (Pr 10, 19); e noutro lugar: «A morte e a vida estão em poder da língua» (Pr 18, 21)...
(Do cap. IV da Regra do Patriarca Bento)

domingo, 13 de setembro de 2009

A vida monástica; caminho sem "buracos"?!



Um jovem monge que residia nas Célias perturbava-se na sua solidão. Foi pois procurar o Abade Teodoro de Ferma, e referiu-lhe isto. O ancião respondeu: «vai, humilha a tua mente, sê submisso e vai para junto dos outros». Passado algum tempo, o jovem voltou a procurar o ansião e disse-lhe: «nem junto dos homens tenho sossego». Perguntou o ansião: «se nem na solidão nem na convivência com os outros encontras sossego, porque saíste de casa para abraçar a vida monástica? Não foi para suportar as tribulações? Diz-me agora: há quanto tempo trazes o hábito?» Respondeu o irmão: «há oito anos». Continuou o ansião: «em verdade, tenho setenta anos de hábito, e ainda não encontrei repouso um só dia; e tu, depois de oito anos, queres ter sossego?» Tendo ouvido isto, o jovem monge, fortalecido, voltou para a sua cela.





(De um antigo apoftegma monástico)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Daniel Faria



A 9 de Junho de 1999 deixámos de ter entre nós o poeta Fr. Daniel Faria, osb. Lembramos hoje o aniversário do seu nascimento para a VIDA.


Daniel Faria nasceu a 10 de Abril de 1971 em Baltar, Paredes. Depois de ter frequentado os seminários Menor e Maior da Diocese do Porto, decidiu abraçar a vida monástica na Abadia de Singeverga. Esteve como Postulante no Mosteiro de S. Bento da Vitória - Porto e estava a completar o ano de noviciado em Singeverga quando Deus o arrebatou do meio dos homens. Poeta profundo e contemplativo, deixou-nos uma grande 'herança' - a sua bela obra.


Quero apresentar a minha gratidão profunda, em gesto de homenagem, ao Daniel pelo contributo que deu (através da sua obra, pois já não o conheci pessoalmente) na minha própria decisão de abraçar o ideal monástico.

Esta é uma pequena amostra do seu labor:




Do Livro das Meditações 2


Portanto farei uma escada no coração.
E pelos degraus subirei da minha casa
Até bater com o pensamento no altíssimo.
Apagarei os passos e o cérebro como um rasto no deserto
Sempre atento como a águia quando fixa o sol
Sem pestanejar.
Farei portanto a escada no deserto para fixar
A luz.
Da minha casa subirei sem palavras
Em silêncio, portanto, pisando o coração.
Do Inesgotável
Amo-te como um planeta em rotação difusa
E quero-te parar como o servo colado ao chão.
Frágil cerâmica de poros soprados no teu hálito
Vasilha que ergues em tua mão de oleiro
Cálice que não pudeste afastar de ti.


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Da reverência na Oração



«Se quando temos algum pedido a fazer a homens poderosos, não nos atrevemos a fazê-lo senão com humildade e reverência, com quanto maior razão devemos apresentar as nossas súplicas ao Senhor Deus do universo com toda a humildade e pureza de devoção. E saibamos que não é pelas muitas palavras que seremos atendidos, mas sim pela pureza de coração e compunção de lágrimas. Por isso deve a oração ser breve e pura, salvo se um toque da inspiração da divina graça nos levar a prolongá-la...»





Regra de S. Bento - Cap. XX, 1-4

terça-feira, 2 de junho de 2009


Theology professor nominated to be U.S. ambassador to the Holy See
05/27/2009


Note to media (5/28/09): Miguel Díaz is unable to conduct interviews at this time. Below is a statement about his nomination:
"I am very honored, grateful and humbled that President Obama has nominated me to serve as ambassador to the Holy See. If confirmed by the U.S. Senate, I will continue the work of my predecessors and build upon 25 years of formal diplomatic relations with the Holy See. I wish to be a bridge between our nation and the Holy See."
White House release Google News media summary
Miguel Díaz, Ph.D., who serves on the graduate faculty of the School of Theology∙Seminary of Saint John’s University and undergraduate faculty of the Department of Theology at the College of Saint Benedict and Saint John’s University, has been nominated as the United States Ambassador to the Holy See (Vatican).
President Barack Obama made the announcement on May 27, 2009.
Díaz has served on the SOT, SJU and CSB faculty since 2004. He is chairperson of the SOT’s Multicultural Committee; served as co-chairperson of the CSB/SJU Intercultural Directions Council; and, along with his wife, Marian Díaz, D. Min., established the Changing Faces: Intercultural Ministry and Hospitality series.
“Professor Miguel Díaz is a skilled Trinitarian theologian who is passionate both as a teacher and a scholar,” said Abbot John Klassen, OSB, of Saint John’s Abbey. “He is a strong proponent of the necessity of the Church to become deeply and broadly multi-cultural, to recognize and appreciate the role that culture plays in a living faith. Born in Havana, Cuba, he is a leading Hispanic theologian in United States.”
He earned his bachelor’s degree from St. Thomas University in Miami Gardens, Fla., and his master‘s and doctorate in theology from the University of Notre Dame in Notre Dame, Ind. He taught previously at Barry University, Miami Shores, Fla.; St. Vincent de Paul Regional Seminary, Boynton Beach, Fla.; University of Dayton, Dayton, Ohio; and the University of Notre Dame. He also served as the academic dean at St. Vincent de Paul Regional Seminary and is fluent in Italian, Spanish and French.
“The College of Saint Benedict is enormously proud that Miguel has been nominated by President Obama for this important post,” said MaryAnn Baenninger, president of the College of Saint Benedict. “Miguel is a highly-respected theologian and scholar, and an excellent teacher. Most importantly, he has a deep commitment to Catholic social justice and to inclusiveness in the Catholic Church. He truly lives a life of faith. He is the ideal candidate for this post.”
Díaz’s theological areas of interests include the Trinity, theological anthropology and Latino/a theologies. He is the author of On Being Human: U.S. Hispanic and Rahnerian Perspectives (Orbis Books, 2002), for which he received the Hispanic Theological Initiative’s 2002 Book of the Year award from Princeton Seminary. In addition, he has had articles published in a number of theological journals and in manuscripts, and is co-editor of the book, From the Heart of Our People: Latino/a Explorations in Systematic Theology (Orbis Books, 1999).
“Miguel is a valuable member of the faculty of the School of Theology∙Seminary,” said William Cahoy, dean of the Saint John’s School of Theology∙Seminary. “His students and colleagues appreciate his passion and commitment to the Church as well as his knowledge of theology. He is a frequent and enthusiastic contributor to programming outside the classroom for students and in continuing education for those working in the Church.”
“Dr. Díaz is a distinguished scholar and teacher,” said Dan Whalen, interim president of Saint John’s University. “He has a national and international reputation as a prominent Catholic theologian, and is a valuable member of our Benedictine communities. Our graduate and undergraduate students have benefited from his extraordinary teaching during the last five years.”
Díaz is active in numerous professional associations. He serves on the board of the Catholic Theological Society of America, is past president of the Academy of Catholic Hispanic Theologians of the United States, and is a past member of the steering committee of the Karl Rahner Society. He is a theological consultant to the Catholic Association of Teachers of Homiletics and was appointed to the task force overseeing the review and revisions of the accrediting standards for the Association of Theological Schools.
Díaz frequently offers theological talks to local, regional and national audiences and is a member of Voices for the Common Good, a media speaker’s bureau consisting of prominent Catholic experts on Catholic social teachings. In recent years, he has been invited to participate in various ecumenical conversations. He has engaged in conversation with prominent Catholic Church leaders such as Cardinal Walter Kasper, president of the Pontifical Council for Promoting Christian Unity in Rome, and organized a theological conversation among Black Catholic and Latino/a Catholic theologians around the theme of human identity.
He and Marian, who is the director of Companions on a Journey and CORAD: Heart Speaks to Heart at CSB and SJU, have four children.
Fonte: St. John' s Abbey

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Visita do Papa à Abadia de Monte Cassino

Destruição de Montecassino








A destruição de Montecassino
No dia 18 de maio terminava a Batalha de Cassino, uma das mais duras e irracionais da Segunda Guerra Mundial. Causou a perda de milhares de vidas humanas e a destruição da abadia de Montecassino, fundada por São Bento. “Um farol da civilização europeia” como a definiu o presidente da Itália Azeglio Ciampi, bombardeada pelos aliados “por um trágico erro, fruto de uma má interpretação”. Eis o que aconteceu
de Roberto Rotondo

Na manhã da primavera de 18 de maio de 1944, os primeiros soldados da infantaria polonesa entram extenuados entre as ruínas da abadia de Montecassino. As dizimadas tropas do general Anders são os primeiros soldados da V armada a chegarem lá em cima, abrindo caminho entre cadáveres em putrefação espalhados por toda a encosta da montanha. Uma das mais duras batalhas da Segunda Guerra Mundial. Do mais antigo mosteiro da cristandade, fundado em 529 d. C. por São Bento e onde repousam seus restos mortais, restam apenas detritos e pedaços de paredes. Foi abatido pelo mais imponente bombardeio da história contra um só edifício no dia 15 de fevereiro, ao qual se seguiram três meses de combates acirrados para expulsar os alemães que se tinham entrincheirado entre as ruínas depois do bombardeio. Mas quando os soldados aliados chegaram a Quota Mosteiro, os poucos pára-quedistas alemães, que resistiam firmemente desde fevereiro, já tinham escapado para evitar de serem cercados pelos gurkha da divisão indiana do general Francis Tuker, que atravessou os montes Aurunci rompendo a frente inimiga, cortando Cassino e abrindo aos aliados o caminho para Roma. Um plano que o próprio Tuker já queria executar em fevereiro, de acordo com o general francês Alphonse Juin, chefe das tropas norte-africanas, para evitar de atacar os alemães frontalmente em Montecassino. Mas a estratégia de ataque pelos flancos franco-indiana, que talvez tivesse poupado milhares de vidas humanas, além das muralhas e dos afrescos renascentistas da abadia, foi descartada pelos outros vértices da “multiétnica” V armada, formada por soldados de 12 nações diferentes, comandada pelo americano general Mark Clark. Este último decidira, mesmo sob pressão de subalternos influentes, como o general neozelandês Bernard Freyberg, que era preciso insistir no ataque frontal da linha Gustav (decidida pelo feldmarechal Kesselring para deter os aliados que se encaminhavam do sul para o norte) justamente no seu ponto central: a cidadezinha de Cassino e a montanha às suas costas, sobre a qual surgia o mosteiro beneditino, e do qual se podia dominar todo o Valle do Liri e o do Rapido. A abadia de Montecassino, que no pós-guerra foi reconstruída exatamente como era, este ano recordou com algumas manifestações os 60 anos do bombardeio e da trágica batalha. As celebrações do dia 15 de março passado contaram com a participação do Presidente da República italiana, Carlo Azeglio Ciampi. O Presidente foi até a abadia e participou dos três minutos de silêncio em memória das vítimas do atentado terrorista de Madri acontecido cinco dias antes, depois participou de uma missa e, na praça de Cassino, fez um discurso dedicado ao sofrimento que se abateu naquelas terras na última Guerra Mundial. Sofrimentos que no pós-guerra apenas o livro e depois o filme La Ciociara “tiveram a coragem de contar”, disse Ciampi. Acrescentando: “Há acontecimentos que representam o mal, que nenhuma filosofia da história consegue amenizar. Na Segunda Guerra Mundial, infelizmente, houve muitos. A destruição de Cassino é um destes”. Além disso, continuou Ciampi, “ninguém jamais poderá perdoar a destruição do maior farol da civilização européia, que era a Abadia de São Bento”. E por duas vezes o chefe de Estado voltou a falar do bombardeio do mosteiro beneditino: “Foi um trágico erro, fruto de uma má informação”. Depois de 60 anos exatos de distância também os Estados Unidos e a Inglaterra admitem que foi um trágico erro. Mas como e por que se chegou ao bombardeio?
Um avião B-17 americano, chamado “fortaleza voadora”, sobre a Abadia em 15 de fevereiro de 1944
O bombardeiro número 666 Reconstruamos os acontecimentos, que possui muitas analogias com as guerras e operações militares dos nossos dias, começando justamente daquele 15 de fevereiro de 1944, quando, às 9 horas e 24 minutos da manhã, a abadia de Montecassino foi abalada por uma tremenda explosão, que interrompeu a oração do pequeno grupo de monges beneditinos no cenóbio, enquanto invocavam a ajuda de Nossa Senhora e recitavam “et pro nobis Christum exora”. Entre eles estava o abade Dom Gregório Diamare, 80 anos, e o seu secretário, Dom Martino Matronola, que mais tarde publicaria um diário indispensável para reco­nstruir aqueles dramáticos dias. Sobre suas cabeças e a de centenas de outros refugiados que se encontravam no mosteiro abateu-se uma chuva de bombas de 250 Kg cada uma, desenganchadas do bombardeiro estratégico número 666, pilotado pelo major Bradford Evans, o qual, com um código tão intrigante, guia a primeira das quatro formações de B-17, as “fortalezas voadoras” norte-americanas, que receberam a ordem de destruir o milenar mosteiro situado no alto na montanha. Depois dos B-17 seguiram outros quatro ataques de bombardeiros médios. Às 13 horas e 33 minutos tudo acabou, os monges estavam todos salvos, mas centenas e centenas de refugiados morreram sob as ruínas provocadas pelas bombas, e será difícil, mesmo depois da guerra, exumar os corpos e dar um nome às lápides. Mudança de cenário. Washington, 16 horas do mesmo dia, na Itália já passaram das 22 horas. Já passaram cerca de 12 horas do início dos bombardeios e o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt abre uma entrevista coletiva com estas palavras: “Li nos jornais da tarde sobre o bombardeio da Abadia de Montecassino por parte de nossos aviões. Na correspondência foi explicado com muita clareza que o motivo pelo qual foi bombardeada é que os alemães usavam-na para nos bombardear. Era um ponto básico alemão, com artilharia e todo o material necessário”. O presidente norte-americano parece seguro, assim como os jornais anglo-americanos parecem certos do ato cumprido: L’Air Force atinge os nazistas em Montecassino, é a manchete do dia do New York Times. Talvez Roosevelt não sabia que seria clamorosamente desmentido pela história, mas não pode deixar de perceber que há alguma coisa estranha em toda a história. Mesmo para um mundo em guerra há muitos anos, e no qual morte e destruição são coisas do dia a dia. Com efeito, nunca antes os bombardeiros estratégicos tiveram como alvo primário um monumento, além de tudo em zona neutra, uma propriedade da Santa Sé, um mosteiro famoso em todo o mundo cristão, um lugar onde estavam conservados inestimáveis testemunhos históricos e artísticos. Também des­toava o desproporção de forças: 453 toneladas de bombas descarregadas, em oito ataques, por 239 bombardeiros. Uma imensidão. Como os católicos norte-americanos reagiriam, pois poucos meses mais tarde, deveriam votar para reelegê-lo presidente dos Estados Unidos? Enfim “o bombardeio de um único objetivo mais propagandeado na história”, como o definiu o Newsweek, era a abertura dos jornais de quase todo o mundo. Quais seriam as conseqüências políticas, quem venceria a batalha da propaganda? Roosevelt mandou distribuir aos jornalistas também uma circular do comandante supremo das forças armadas aliadas na Europa, Dwight D. Eisenhower, que até então era reservada, na qual era explicado que se no decorrer do avanço das tropas se devesse escolher entre a destruição de um famoso monumento e o sacrifício dos nossos soldados, então a vida dos soldados contariam infinitamente mais”. Mas, explicava Ike, a escolha não era simples. Porque por trás da expressão “necessidade militar” não deviam se esconder nem conveniências pessoais nem relaxamento ou indiferença. Todavia, isso era muito pouco para evitar uma reação negativa da opinião pública na Europa. Uma derrota “midiática” Com efeito, a propaganda nazista estava para explodir, aproveitando da notícia do bombardeio em seu favor. Na Europa em mãos dos nazistas, os anglo-americanos seriam apresentados, nos dias seguintes ao bombardeio, como novos bárbaros que querem cancelar sistematicamente todos os vestígios da “superior civilização européia”. A Abadia de Montecassino, que no passado fora destruída três vezes, primeiro pelos bárbaros, depois pelos sarracenos e mais tarde por um terremoto, agora estava reduzida a pó “pelos judeus e pelos pró-bolcheviques em Moscou, Londres e Washington”. Mas não é tudo, porque o serviço secreto nazista – que segundo os relatórios do embaixador britânico no Vaticano, D’Arcy Osborne, há algum tempo já estava espalhando a notícia de que havia tropas nazistas na abadia, para provocar um bombardeio aliado – leva a melhor também ao eleger os alemães como defensores da civilização: com efeito, foi a divisão Hermann Göring que colocou em salvo no Vaticano, em dezembro de 1943, todas as obras de arte da Abadia transportáveis, junto com a imensa biblioteca e seus inestimáveis códices. Nessa operação de salvamento preventivo contou muito a atenção que o general Frido von Senger, comandante do XVI Panzerkorps, tinha para com os beneditinos e o histórico monumento. Senger, que era católico, ligado há muitos anos à Ordem de São Bento, pertencia àquela pequena aristocracia da Alemanha meridional contrária aos nazistas, mas obedientes às suas ordens. Senger, que comandava toda a linha Gustav, tinha também fundamentalmente respeitado a neutralidade do lugar e não permitira às suas tropas, espalhadas por toda a montanha, de alojar-se dentro da larga cintura de 300 metros que circundava as muralhas da abadia e que delimitava a zona neutra.
A refutação das “provas irrefutáveis” Roosevelt, como Winston Churchill em Londres, depois do bombardeio decidiu defender a boa intenção da decisão dos comandos aliados no Mediterrâneo. Não apenas porque a situação da avançada sobre Roma estava em uma fase muito delicada (as tropas aliadas no vale do Liri estavam bloqueadas enquanto que na zona de Anzio corriam o risco até mesmo de serem jogadas ao mar), mas também porque o general inglês Henry Maitland Wilson, comandante supremo interaliado no Mediterrâneo afirmava possuir provas incontestáveis da presença do inimigo na Abadia antes do bombardeio. Quando, dia 9 de março, o Foreign Office inglês pediria a Wilson para dar uma explicação ao Vaticano, sustentada em fatos, sobre o motivo da destruição do mosteiro, apesar das amplas garantias dadas à Santa Sé sobre o respeito pela Abadia, Wilson confirmaria que possuía doze “provas irrefutáveis” do uso militar do mosteiro por parte dos alemães, mas sugeriu também mantê-las secretas, para impedir que os alemães construíssem depois falsas contraprovas. A promessa foi de que as provas seriam dadas ao Vaticano no devido tempo. Tempo que nunca chegou, tanto que, mesmo depois da guerra, foi preciso investigações e controversos estudos históricos sobre os documentos dos arquivos militares, para concluir que se tratou de um erro. Uma das provas inconfutáveis de Wilson foi apresentada depois da guerra por um dos protagonistas, o capitão David Hunt, ajudante do marechal britânico Harold Alexander, comandante-chefe dos exércitos aliados na Itália. Hunt contou como, pouco depois do início do bombardeio, foi-lhe passada a tradução de uma mensagem interceptada dos nazistas que dizia: “Ist der Abt noch im Kloster?” e a resposta era “Ja”. Abt foi traduzido como abreviação de “divisão militar”, portanto a frase resultava assim: “A divisão está no mosteiro?” “Sim”. Também a Hunt pareceu a confirmação das suas suspeitas, o clássico “estopim” como seria chamado hoje. Mas Abt significa também abade. E, segundo Hunt, foi suficiente continuar a ler o texto da interceptação para entender que os alemães falavam dos monges do mosteiro e não das suas tropas. Todavia, disse Hunt, era tarde demais para deter os aviões que já estavam voando. É possível um erro dessa grandeza? É também preciso levar em conta que os serviços secretos, freqüentemente, vêem e ouvem o que pensam que agrade a quem lhes comanda. E assim foi também neste caso: basta pensar que, depois do início do bombardeio, o tenente Herbert Marks, da contra-espionagem aliada, que observava o mosteiro com um telescópio, mesmo com provas de que não havia alemães, afirmou ter visto uns setenta correrem do portão da abadia para o pátio circundante. E uma mensagem da V armada das 11 horas da manhã, depois do primeiro ataque dos B-17 referia: “duzentos alemães fogem do mosteiro ao longo da estrada”. Uma ordem nunca recebida Mas quem decidiu que Montecassino deveria ser destruída? No livro Montecassino, de David Hapgood e David Richardson (reeditado recentemente pela editora Baldini Castoldi Dalai, na Itália), fruto de longas pesquisas nos arquivos militares, afirma-se que não há provas para demonstrar que a decisão tenha sido tomada em um nível mais alto do general Wilson e do general Alexander. O fato é que a decisão final de bombardear a Abadia nunca foi reivindicada por nenhum escalão hierárquico, desde os líderes aliados, aos estados maiores e descendo até os comandantes de campo de batalha. Apenas um general passou à história como convicto defensor da necessidade de destruir Montecassino: Bernard Freyberg. O comandante do contingente neozelandês, que desde os primeiros dias de fevereiro tomara posição no vale do Liri com os seus homens, era muito famoso na Nova Zelândia, mas mesmo os que admiravam a sua coragem admitiam que ele receava em conceber uma estratégia mais complexa do que a de corrida de touro. Agindo assim, logo teve afinidades com o seu superior, o general Mark Clark, no plano que previa a escalada da montanha de Montecassino, embora, há muitas semanas, este plano preanunciasse somente grandes perdas. Desde os primeiros dias, Freyberg afirmava que por culpa da Abadia as linhas alemães ainda não podiam ser ultrapassadas, pois, na sua opinião, os alemães guiavam a partir dali os tiros da artilharia. Assim chegou-se ao dia 12 de fevereiro, dia em que Freyberg, por “necessidades militares” solicitou com firmeza o bombardeio do mosteiro, ameaçando até mesmo a retirada das suas tropas se não fosse contentado. Clark não era de acordo tanto por motivos políticos como militares, mas estava em situação inferior. Sobre a sua imagem gravava ainda a derrota a que fora submetida a divisão Texas de 20 de janeiro. A sua ordem de atravessar o rio Rapido tinha levado ao inútil sacrifício de quase 2 mil soldados, e a notícia da derrota correu por todo o mundo. Além disso, como escreveu Clark no seu livro de memórias In guerra con Alexander, na escala hierárquica, acima dele havia dois generais ingleses e o próprio Alexander disse-lhe a propósito do bombardeio: “Freyberg é um personagem muito importante no Commonwealth, nós o tratamos com luvas de veludo e vocês devem fazer o mesmo”. Se acrescentarmos o fato de que quase todos os jornais ingleses e americanos tinham encaminhado há muito tempo uma incessante campanha na qual se afirmava que seus soldados estavam pagando com a vida a gentileza dos comandos militares para com a Igreja Católica, e que era “melhor uma vitória no bolso do que um Michelangelo na parede” compreende-se porque Clark rendeu-se e deu carta branca para a decolagem dos bombardeiros. Não sem ter preventivamente lançado folhetos sobre o mosteiro para avisar os habitantes que as armas estavam apontadas para eles. Para os refugiados foi o aviso de condenação à morte, tanto porque ninguém quis acreditar que se chegasse a tanto, como porque não tiveram nenhuma possibilidade de fuga, pois estavam circundados, por muitos quilômetros, por dois exércitos em batalha.
O filho de Freyberg salvo pelas irmãs Por um daqueles imponderáveis paradoxos que a história da Igreja sabe doar, justamente Freyberg, que quis a todo custo destruir um dos monumentos mais significativos do cristianismo, naqueles dias teve seu filho salvo graças à hospitalidade que encontrou em um convento de irmãs de Castel Gandolfo, que esconderam este jovem tenente de infantaria depois de ter conseguido fugir dos alemães, que tinham-no capturado em Anzio. Também Castel Gandolfo era uma das propriedades da Igreja que, embora em zona neutra, foram bombardeadas naqueles meses pelo mesmo motivo utilizado para justificar a destruição da Abadia de Montecassino: “necessidade militar”. Mas talvez nem mesmo o destino do filho teria feito com que o general Bernard Freyberg mudasse de idéia, visto que não renunciou ao bombardeio nem mesmo quando um dia antes da decolagem dos aviões deu-se conta de que era inútil do ponto de vista militar, porque os seus homens, convictos das posições alemães, estavam muito longe do objetivo e não poderiam nunca ocupar as ruínas da abadia antes do inimigo. O comando da Air Force recusou-se a adiar o bombardeio, porque a partir de 16 de fevereiro os aviões deveriam operar na zona de Anzio. Então Freyberg decidiu atacar direto e as conseqüências estão nos livros de história, além dos muitos cemitérios de guerra que foram criados naquela região depois do ataque. Freyberg teve muitos mais bombardeiros do que solicitara, porque a aviação americana aproveitou a ocasião para esclarecer uma velha questão: se fosse mais eficaz o bombardeio diurno, como afirmavam eles, ou o noturno como insistiam os ingleses. Os alemães, como também o comandante neozelandês previra, ocuparam primeiro as ruínas e a batalha no vale e na montanha foi feroz. A cidade de Cassino nas semanas seguintes foi bombardeada ao ponto de os tanques de guerra americanos não poderem prosseguir na avançada devido às crateras escavadas pelas bombas de seus próprios aviões e suas artilharias. Houve um desperdício de recursos econômicos infinito. Uma colina chegou a ser rebatizada de “One-million hill”, porque foi calculado pelos artilheiros que matar cada soldado inimigo custara 25 mil dólares em projéteis. “Teria sido bem mais simples, se aquele valor”, escreveu com amargura o famoso correspondente de guerra Ernie Pyle, “tivesse sido oferecido aos alemães para irem embora”.
O Presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, e sua esposa, Franca, visitando a Abadia de Montecassino acompanhados pelo abade Dom Bernardo D’Onorio, dia 15 de março de 2004









A Abadia depois da reconstrução.
(FONTE: 30giorni.it)

S. Paulo fora de muros

terça-feira, 26 de maio de 2009

S. Bento e o trabalho



"A forma como S. Bento vê o trabalho está patente na seguinte expressão: «Para que Deus seja glorificado em tudo.» Este 'slogan' está no capítulo 57, 9: 'Dos artesãos do mosteiro', da Regra de Bento. Na representação dos preços dos produtos manufacturados do mosteiro não se deve intrometer a cobiça. Devem ser vendidos um pouco mais baratos «para que Deus seja glorificado em tudo = Ut in omnibus glorificetur Deus». As iniciais u. i. o. g. D. estão em todas as obras beneditinas, no início dos livros e cartas, em edifícios e pórticos. Tudo o que é realizado é para louvor de Deus. No trabalho o homem toma parte na obra criadora de Deus. Aí ele pode trazer à luz a beleza que ilumina a criação de Deus nas suas obras de arte ou no seu artesanato. Em tudo o que é realizado, Deus, o verdadeiro criador de todas as coisas, é glorificado." (D. Anselm Grün, osb)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Igreja! Que dizes de ti mesma?

Esta questão foi colocada pelo II Concílio do Vaticano e manterá sempre a sua actualidade enquanto os cristãos olharem à sua volta, a partir de si.
Muitas comunidades cristãs estão a passar por sérias dificuldades de adaptação aos novos desafios que as sociedades actuais colocam. São vários os factores que contribuem para o distânciamento dessas comunidades em relação aos jovens, aos pobres, aos desempregados etc. O factor mais visivel e que tem lançado o descrédito sobre toda a Igreja é o anúncio próprio, ou seja, o querer colocar-se no lugar que só Deus pode ocupar. De facto, se olharmos para nós: Igreja (falo para dentro), veremos que muitas vezes nos queremos anunciar a nós próprios, propondo-nos, aliás, como salvadores que possuem todas as soluções para tudo e mais qualquer coisa; alguns não exitam em dizer: "se há algo de errado a culpa não é nossa... os jovens é que já não querem saber da Igreja para nada, para eles só existem os deuses da bola, da música, dos filmes [etc.] e os novos locais de culto são os shoping's, estádios...". Isto é o que eu ouço muitas vezes; mas, sinceramente, esta desculpa não me convence. É certo que muitos tendem a colocar num pedestal as suas próprias ilusões, mas, ainda assim, não penso que o seu afastamento da Igreja se deve, exclusivamente, à sua falta de experiência de vida ou à sua falta de vontade. As comunidades cristãs têm que se interrogar sobre a sua responsabilidade nesta matéria.
Não admira que muitos nos ataquem (a nós cristãos)! (alguns exageradamente - podemos dize-lo, pois também é verdade - porém tudo seria diferente se não fossemos nós a deitar lenha na fogueira onde nós próprios acabamos por nos queimar). A Igreja não vive para se anunciar a si própria - por isso não interessa dizer que se tem 80% ou 90% de Católicos, quando se sabe que a verdade é bem diversa - ela vive para anunciar o Amor de Deus, e aí, minhas amigas e meus amigos, não interessa o número, pois basta a uma àrvore ter dois ou três ramos para que não seja uma mera estaca.
O protagonismo faz mal a muitas pessoas; a sede de poder mina todo o espírito fraterno que deve reinar numa comunidade cristã, transformando-se - não poucas vezes - em sede de vingança e ódio dentro das comunidades. Quando se verifica pouca relação sincera com Deus e com o outro, notam-se índices acentuados de desconfiança e de repulsa a tudo o que vem do exterior, a tudo o que soa a novidade...
Serão verdadeiramente as novas formas de ateísmo ou paganismo as únicas responsáveis pelo afastamento dos cristãos em relação às suas comunidades de origem e em relação ao magistério da Igreja? Eu diria que pesam relativamente pouco, face à falta de testemunho e falsa vivência que muitos de nós - cristãos - transmitimos.
Não tenhamos ilusões: a Fé não se transmite: nem à pancada, nem com belos discursos, nem com roupagem velha camuflada de novo, nem sequer com as pseudo novidades light; A Fé é Dom de Deus que se testemunha com a própria vida.
Perdem tempo aqueles que se acham directores das consciências alheias e que tentam impingir um "producto" que eles próprios não sabem o que é, pois não o possuem de todo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Trabalhar em silêncio.


«O abba [Pai em grego - sign. monge ansião de conduta venerável] Isaías disse:

Quando eu era mais jovem residia com o abba Cronios. Nunca me pediu que lhe fizesse um trabalho, apesar da sua idade avançada e da sua débil saúde; levantava-se e logo me servia, a mim e a todos. Depois morei com o abba Teodoro de Fermé, e tão pouco ele me disse alguma vez que fizesse algo; senão que ele próprio tinha o hábito de pôr a mesa e me dizia: "irmão, se queres, vem comer". Um dia respondi-lhe: "Abba, vim ter contigo para te ser útil; porquê nunca me mandas fazer algo?" mas o ancião não respondeu absolutamente nada. Então, eu fui informar os outros ansiãos do que se passava. Estes vieram ter com ele e disseram-lhe: "Abba, o irmão veio, de livre vontade, ter contigo para te ser útil; porque é que nunca lhe dizes que faça alguma coisa?" E o ansião disse-lhes: "sou eu, por acaso, um superior para poder dar-lhe ordens? Pelo que depender de mim, não lhe direi nada; mas se o deseja, ele fará por si mesmo o que deve fazer". A partir desse momento tomei a iniciativa de fazer o que o ansião se dispunha a fazer. Quanto a ele, o que fazia, realizava-o em silêncio; assim me ensinou a trabalhar.»


(Das Sentenças dos Padres do deserto)




Este texto dos inícios da era cristã ensina-nos que muitas vezes, para fazer algo, não precisamos que outros nos digam o que fazer; nem tão pouco precisamos de perguntar, basta estarmos com atenção ao que os outros fazem, para aprendermos a fazê-lo também. Um provérbio bem conhecido diz: a palavra move e o exemplo arrasta. O silêncio reveste-se de uma importância vital. No silêncio apercebemo-nos melhor do que se passa à nossa volta, estamos muito mais sensíveis para saber "escutar" com os outros sentidos, para saber ler a realidade de modo mais verdadeiro. Isto é importante, pois um dos grandes males que nos pode acontecer é vegetar em meros idealismos, formulando bonitas palavras mas que não estão revestidas de vida. S. Bento, um homem que liga a espiritualidade à terra (à nossa realidade, sem utopias), alerta-nos para este perigo. Necessitamos do silêncio, pois através dele vamos ao encontro do nosso eu para nos conhecermos melhor; e assim conheceremos melhor os outros.


Quem está em contacto permanente com o ruido (seja ele de qualquer natureza) vai cair na conta, mais tarde ou mais cedo, que houve coisas importantes na vida (tais como a relação familiar, amigos etc.) que lhe passaram ao lado, simplesmente porque não soube "escutar" com o ouvido interior.


O trabalho é uma dimensão tipicamente humana; sobre todos nós recai a necessidade de prover à nossa própria subsistência. Contudo, o trabalho não se resume totalmente a isso. Como seres humanos que somos, podemos elevar o trabalho a uma categoria superior: o trabalho pode ser visto como liberdade ou emancipação no contexto social, como serviço aos outros, como forma de participação na obra criadora de Deus... deste modo o trabalho é visto de forma positiva. Mas pode acontecer o contrário: eu posso ver o trabalho como uma forma de opressão, príncipalmente se a remuneração não é justa. Também pode acontecer que eu esteja tão absorvido pelo trabalho que me torno um autêntico escravo; passo a dormir mal e a não pensar em mais nada a não ser no que tenho para fazer no dia seguinte. Nesta situação eu vejo o trabalho como se de uma maldição se tratasse. É aqui que a atitude do silêncio ganha a sua importância. Mas não é um silêncio qualquer, é muito mais do que a mera ausência de palavras ou de ruido. É um silêncio que nos deve põr em diálogo conosco próprios.Para os crentes é uma boa oportunidade para Dialogar com Deus [o mais interior da nossa própria interioridade] - discutir com Ele -e deixar que Ele complete o esforço que empenhámos na realização do nosso trabalho, pois Ele reconhece o nosso esforço, mesmo que o resultado final não tenha sido o mais ideal. Para os não crentes o silêncio permite-lhes reconhecer que o seu trabalho é uma forma de mudar o mundo, mudando-os a eles em primeiro lugar. Veremos que com o silêncio o trabalho nos corre melhor, e mais importante do que isso, aperceber-nos-emos que no nosso trabalho vemos sempre a nossa vida em comunhão com os nossos semelhantes.

Quem trabalha só para si, pensando somente no lucro e na satisfação meramente individual torna-se escravo do seu próprio ego, esquecendo-se que o homem se distingue principalmente em duas coisas em relação aos outros animais: na liberdade e no "tu a tu" com Deus.


Para que Deus seja glorificado em tudo. (Regra de S. Bento 57, 9)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A alegria dos Padres


Nos dias que correm há uma tendência muito generalizada de fazer com que determinadas informações e certas correntes de pensamento se queiram apresentar de tal maneira absolutas e inquestionáveis que passam como que a constituir um autêntico perigo para a liberdade de manifestação da consciência e do pensamento de cada qual. No estilo de autênticas ditaduras, estas correntes aprisionam e negam a realidade mais sagrada no ser humano: a sua consciência, o direito a ser tratado/a como pessoa, que, essencialmente e realmente, cada um de nós é.

Contra a tendência de toda a repressão da consciência humana, por parte de certas doutrinas (algumas dentro do próprio contexto sociológico dito: cristão), já se debatiam os Padres da Igreja (ou seja aqueles Cristãos dos primeiros séculos que testemunharam e viveram heroicamente O Evangelho), a partir do que lhes fora transmitido pelos próprios Apóstolos [ou seus discípulos] acerca de Jesus, pois aperceberam-se bastante cedo que cada ser humano é tocado [se quiser] pela graça divina através da acção do Espírito Santo e que, portanto, não havia lugar para imposições de ideias; a única forma de anunciar a Verdade era (e ainda é) vive-la. É, na verdade, a partir dos Padres da Igreja que o Cristianismo passa a ser conhecido no Ocidente, depois do martírio de quase todos os Apóstolos. Não foi fácil para os Padres dar testemunho da ressurreição de Cristo - realidade totalmente inconcebível para a mentalidade grega que vigorava no contexto do Império Romano. Mas no meio das adversidades, os Padres aperceberam-se que a riqueza que tinham recebido ao tornarem-se Cristãos passava os limites do imaginável, e que não podiam guardar para si a Boa Notícia que lhes fora anunciada: Deus, O Criador, não abandonou o Seu povo (a Humanidade) e a prova era que Ele próprio tinha assumido a natureza humana (ou seja, a nossa fraqueza e os nossos limites, mas também as nossas alegrias e as nossas manifestações culturais). Isto ficou claro para os primeiros Padres; significava que agora todos os horrores, todos os ódios e sofrimentos humanos não constituiriam a última palavra, pois Deus acabara de dizer, por meio da Cruz, que nada acaba ali; não é numa cruz ou num sepulcro que o Cristão deve deter o seu olhar, senão na Ressurreição de Cristo. A verdade, no entanto, é muito mais profunda: Deus, com todos estes sinais, quis que percebessemos, de uma vez por todas, que estamos "destinados" à plena comunhão com Ele. Ora, isto sim: é a revelação mais radical - ou se quisermos - mais revolucionária que alguma vez surgiu na História da Humanidade. E Dizer que Deus é o mais íntimo da minha interioridade, como afirma S. Agostinho, é afirmar a verdade no seu estado mais puro.

Esquecer a riqueza que os Padres da Igreja têm para oferecer ainda hoje é esquecer, de certo modo, a mensagem e a Verdade fundamental que Jesus veio trazer.

A vida monástica, à qual estiveram vinculados muitos destes Padres, tenta ser a continuação da alegria da primeira hora em que Jesus ressuscitou e se manifestou aos discípulos. Para os monges, como para os outros Cristãos, nada haveria de ser mais caro neste mundo que a sua vida centrada em Deus, pois só assim é possivel vivermos a verdadeira PAZ, construindo a Cidade de Deus no agora da nossa existência.




UT IN OMNIBUS GLORIFICETUR DEUS

(para que em tudo Deus seja glorificado)

S. Bento - Pai dos monges do Ocidente