Esta questão foi colocada pelo II Concílio do Vaticano e manterá sempre a sua actualidade enquanto os cristãos olharem à sua volta, a partir de si.
Muitas comunidades cristãs estão a passar por sérias dificuldades de adaptação aos novos desafios que as sociedades actuais colocam. São vários os factores que contribuem para o distânciamento dessas comunidades em relação aos jovens, aos pobres, aos desempregados etc. O factor mais visivel e que tem lançado o descrédito sobre toda a Igreja é o anúncio próprio, ou seja, o querer colocar-se no lugar que só Deus pode ocupar. De facto, se olharmos para nós: Igreja (falo para dentro), veremos que muitas vezes nos queremos anunciar a nós próprios, propondo-nos, aliás, como salvadores que possuem todas as soluções para tudo e mais qualquer coisa; alguns não exitam em dizer: "se há algo de errado a culpa não é nossa... os jovens é que já não querem saber da Igreja para nada, para eles só existem os deuses da bola, da música, dos filmes [etc.] e os novos locais de culto são os shoping's, estádios...". Isto é o que eu ouço muitas vezes; mas, sinceramente, esta desculpa não me convence. É certo que muitos tendem a colocar num pedestal as suas próprias ilusões, mas, ainda assim, não penso que o seu afastamento da Igreja se deve, exclusivamente, à sua falta de experiência de vida ou à sua falta de vontade. As comunidades cristãs têm que se interrogar sobre a sua responsabilidade nesta matéria.
Não admira que muitos nos ataquem (a nós cristãos)! (alguns exageradamente - podemos dize-lo, pois também é verdade - porém tudo seria diferente se não fossemos nós a deitar lenha na fogueira onde nós próprios acabamos por nos queimar). A Igreja não vive para se anunciar a si própria - por isso não interessa dizer que se tem 80% ou 90% de Católicos, quando se sabe que a verdade é bem diversa - ela vive para anunciar o Amor de Deus, e aí, minhas amigas e meus amigos, não interessa o número, pois basta a uma àrvore ter dois ou três ramos para que não seja uma mera estaca.
O protagonismo faz mal a muitas pessoas; a sede de poder mina todo o espírito fraterno que deve reinar numa comunidade cristã, transformando-se - não poucas vezes - em sede de vingança e ódio dentro das comunidades. Quando se verifica pouca relação sincera com Deus e com o outro, notam-se índices acentuados de desconfiança e de repulsa a tudo o que vem do exterior, a tudo o que soa a novidade...
Serão verdadeiramente as novas formas de ateísmo ou paganismo as únicas responsáveis pelo afastamento dos cristãos em relação às suas comunidades de origem e em relação ao magistério da Igreja? Eu diria que pesam relativamente pouco, face à falta de testemunho e falsa vivência que muitos de nós - cristãos - transmitimos.
Não tenhamos ilusões: a Fé não se transmite: nem à pancada, nem com belos discursos, nem com roupagem velha camuflada de novo, nem sequer com as pseudo novidades light; A Fé é Dom de Deus que se testemunha com a própria vida.
Perdem tempo aqueles que se acham directores das consciências alheias e que tentam impingir um "producto" que eles próprios não sabem o que é, pois não o possuem de todo.
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