ORA ET LABORA

ORA ET LABORA
História da vida monástica beneditina na sala capitular de S. Bento de Singeverga da autoria de Claudio Pastro// History of Benedictine monastic life in the Chapter Hall of St. Benedict Singeverga// Geschichte des Benediktiner-monastische Leben in den Kapitelsaal der St. Benedikt von Singeverga

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Verbo está entre nós...

Estamos ainda a viver o Tempo do Natal... Muitos deixaram de pensar nisso logo que o sol se levantou no dia 26 de Dezembro. Mas a Liturgia Cristã convida-nos a celebrar esta Solenidade durante uma semana como se fosse um só dia: é a Oitava do Natal. É a celebração que mais recorda a nossa infância e que desponta em nós sentimentos de compaixão e partilha para com o outro ser humano que vive ao meu lado ou que eu vejo na rua  ao sair de casa. Contudo, o Natal é muito mais do que compaixão ou partilha. O Natal é o nascimento da VIDA! Sim... Aquele que É fez-se pequeno e deu-nos a VIDA. O que seria a compaixão, a partilha, a paz, a justiça... se não tivéssemos a VIDA em nós; "O povo que andava nas trevas..." sem VIDA ..."viu uma grande LUZ". Celebramos, anualmente, um acontecimento que não ficou unicamente nos anais do passado. O Natal acontece hoje, na humanidade, na minha família e em mim se eu acolher a VIDA com todo o meu coração.
Votos de Feliz Natal e uma Esperança renovada para 2012. 

sábado, 23 de abril de 2011

Santa Páscoa

Desejo a todos uma Santa Páscoa!
Deixar que Cristo nos levante dos nossos túmulos e anunciarmos a sua morte e ressurreição é o que todos os "buscadores" de Deus procuram fazer. Desejo que, em verdade e humildade, O deixemos agir em nós para nos elevar consigo até ao Pai.

- Clique no título para ouvir o hino Pascal de S. João Damasceno -

terça-feira, 15 de março de 2011

Exposição de Pintura

PAX

De 13 de Março a 10 de Abril de 2011 a Abadia de S. Bento de Singeverga e o Mosteiro de Sta Escolástica convidam para uma exposição de pintura da autoria de Ricardo de Campos.
O grito de dor que Jesus lança a partir da Cruz é o clamor da humanidade face a toda a espécie de sofrimento; este é o ponto de partida para as obras que fazem parte da exposição. Neste início de Tempo Quaresmal eis uma oportunidade para reflectir sobre as nossas experiências com a dor e o sentido que podemos dar ao sofrimento, olhando para a própria experiência de Jesus.
Esta exposição já passou por dois mosteiros beneditinos espanhóis onde foi muito apreciada.
A entrada é livre!

(Clique no título para aceder à página referente à exposição)

UIOGD

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Abade


O Abade digno de presidir ao mosteiro, deve lembrar-se sempre daquilo que é chamado, e corresponder pelas acções ao nome de superior. Com efeito, crê-se que, no mosteiro ele faz as vezes do Cristo, pois é chamado pelo mesmo cognome que Este, no dizer do Apóstolo: "Recebestes o espírito de adopção de filhos, no qual clamamos: ABBA, Pai. " Por isso o Abade nada deve ensinar, determinar ou ordenar, que seja contrário ao preceito do Senhor, mas que a sua ordem e ensinamento, como o fermento da divina justiça se espalhe na mente dos discípulos; lembre-se sempre o abade de que da sua doutrina e da obediência dos discípulos, de ambas essas coisas, será feita apreciação no tremendo juízo de Deus.

...Quando alguém recebe o nome de Abade, deve presidir a seus discípulos usando de uma dupla doutrina, isto é, apresente as coisas boas e santas, mais por acções do que por palavras, de modo que aos discípulos capazes de entendê-las proponha os mandamentos do Senhor por meio de palavras, e aos duros de coração e aos mais simples mostre os preceitos divinos pelas próprias acções. Assim, tudo quanto ensinar aos discípulos como sendo nocivo, indique pela sua maneira de agir que não se deve praticar, a fim de que. pregando aos outros, não se torne ele próprio réprobo, e Deus não lhe diga um dia como a um pecador: "Por que narras as minhas leis e anuncias o meu testamento pela tua boca? tu que odiaste a disciplina e atiraste para trás de ti as minhas palavras", e ainda: "Vias o argueiro no olho de teu irmão e não viste a trave no teu próprio".

Antes de tudo, que não trate com mais solicitude das coisas transitórias, terrenas e caducas, negligenciando ou tendo em pouco a salvação das almas que lhe foram confiadas, mas pense sempre que recebeu almas a dirigir, das quais deverá também prestar contas. E para que não venha, porventura, a alegar falta de recursos, lembrar-se-á do que esta escrito: "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo"; e ainda: "Nada falta aos que O temem". E saiba que quem recebeu almas a dirigir, deve preparar-se para prestar contas. Saiba como certo que de todo o número de irmãos que tiver sob seu cuidado, no dia do juízo, deverá prestar contas ao Senhor das almas de todos eles, e mais, sem dúvida também da sua própria alma. E assim, temendo sempre a futura apreciação do pastor acerca das ovelhas que lhe foram confiadas enquanto cuida das contas alheias, torna-se solícito para com a suas próprias, e enquanto com suas exortações subministra a emenda aos outros, consegue ele próprio emendar-se de seu vícios.

(Cf. Regra de S. Bento, cap. II)


Para S. Bento a vida monástica cenobítica assenta em três pilares fundamentais: Comunidade, Regra e Abade. A Regra é o código que possibilita a vivência harmoniosa da comunidade monástica, onde tudo tem uma certa ordem; O Abade nasce da fraternidade para testemunhar, em primeiro lugar, o amor de Deus, e praticá-lo zelando por todos os irmãos que compõem a comunidade. A Comunidade é o lugar onde Deus estabelece a sua morada.

Em seguida apresento um comentário que um monge de Cluny do séc. IX escreveu a propósito do capítulo II da Regra de S. Bento.


"No Abade devemo-nos aperceber da sua misericórdia, da amizade, da piedade e da modéstia. É preciso que ele seja benevolente para com os monges doentes, que socorra os faltosos, afável com os seus irmãos, consolador dos aflitos, conforto dos trabalhadores, que ajude os bem intencionados, encoraje os zelosos, reanime os cansados, apoie os que hesitam e eleve os que sucumbiram. Amará todos os seus irmãos do mesmo modo, não perseguirá nenhum com a sua raiva, nem ignorará zelo nenhum. Calmo e sem agitação, sem obstinação no seu julgamento ou nos seus conselhos; mostrará a todos uma face radiosa e um carácter alegre, discreto e prático. Quando encontrar algum motivo de descontentamento em algum dos seus irmãos evitará medidas prematuras e tirânicas, mas tentará corrigi-lo com a ajuda do seu espírito misericordioso, em vez de o desencorajar numa perpétua desconfiança ou numa contínua repressão." (Cf. Guy de Valous - Le monachisme clunisien)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Versão contemporânea do Magnificat por monges beneditinos:

Espírito e organização de um mosteiro beneditino:


PAX


O mosteiro, que é concebido pela Regra dos Monges (mais conhecida como Regra de S. Bento), tem o carácter de uma família, fortalecida pelo voto particular da estabilidade. O pai, mestre e cabeça não é o abade, de quem dependem todos os monges, envolvidos em vários ofícios; mas o próprio abade está sujeito à regra, da qual é discípulo e, em certa medida, intérprete. O tratamento das matérias e dos assuntos temporais, sempre sob a sua vigilância, é confiada ao celeireiro ou tesoureiro. Outros oficiais são designados: para a hospedaria, enfermaria, portaria, a formação de noviços, etc.

Cada candidato à vida monástica atravessa um ano de estágio (a que chamamos postulantado); e se depois de madura e livre ponderação escolher este estado de vida, e a comunidade o consentir, é acolhido no seio da família monástica, onde vai encontrar as condições necessárias para um caminho de união com Deus, no tempo e na eternidade. No mosteiro, muito bem apelidado "casa de Deus" (RB 31,19), tudo deve fluir em determinada ordem: cada um tem o seu lugar bem definido, tudo deve estar no seu tempo e lugar, para que ninguém nesta casa, seja incomodado ou entristecido e para que "todos os membros estejam em paz"(RB 34,5).

A vida comunitária desenvolve-se numa alternância sábia e pacífica entre oração litúrgica e particular, de trabalho intelectual e manual. O programa é, com sucesso, sintetizado, por volta do séc. X, no lema "ora et labora": reza e trabalha.

É geralmente reconhecida a contribuição característica dos discípulos de S. Bento para o culto litúrgico, que sempre procuraram guardar com especial esplendor e dignidade, bem como os estudos, a valorização da agricultura, as artes plásticas e os trabalhos manuais. Mas todo o ordenamento disposto pela regra, como é óbvio, tem como objectivo treinar os monges para a santidade. Na vida de fé e humildade, reconhecem que o abade está agindo no lugar de Cristo. Daí a fundamental e alegre virtude da obediência. Para seguir a Cristo, eles são libertados das preocupações dos bens terrenos, através da pobreza, e consagram-se totalmente ao amor de Deus pela castidade, enquanto na comunhão de vida com os irmãos aproveitam, em cada momento, as ocasiões para fazer florescer a caridade.

Tudo isto S. Bento o ensina e dispõe com sabedoria romana e amor cristão. Se condena o defeito e a desordem e os corrige severamente, seguindo os sistemas rígidos de então, por outro lado sabe compadecer-se das fraquezas do espírito e das enfermidades físicas; incita à ascensão generosa das virtudes, mas também considera a fragilidade da natureza humana; exige o que é necessário para a perfeição, principalmente nas disposições interiores, mas indulta no acessório, especialmente no consumo de alimentos, bebidas, roupas; exige obediência absoluta e pronta, mas tem em conta as dificuldades que esta pode encontrar; odeia a murmuração, mas recomenda que o abade não dê motivo para tal com pedidos excessivos.

Estes e outros aspectos demonstram aquela notável virtude da discrição que o mesmo S. Gregorio Magno assinala como característica da nossa Regra, definindo-a como "discretione praecipuam": admirável pela discrição, que S. Bento chama de "mãe das virtudes". Como é evidente, muitas das prescrições sobre a prática e a disciplina do mosteiro referem-se a costumes, leis, enfim… ao "habitat" do século VI, e o leitor hodierno deverá considerar que a evolução dos tempos, o desenvolvimento da educação privada e social, a legislação eclesiástica e civil, e outros factores têm contribuído para alterar ou apagar muitos detalhes da vida organizada: coisas como o sistema de dormitório, lavar os pés aos hóspedes, a punição com castigos corporais ou com a excomunhão regular, a admissão das crianças aos votos monásticos, etc. são os traços caducos e, por isso, reformáveis de toda a legislação e não é nenhuma surpresa que, depois de quinze séculos, realmente tenham caído ou mudado para se adaptar às condições do ambiente histórico.

O que continua a ser vital, e, sobretudo nos nossos dias, válido, é o espírito, a directriz, o substrato substancial que determinou a estrutura da Regra: e isso permanece tão sólido, abrangente, racional e equilibrado, que o grande Bossuet, nas suas Oeuvres oratoires, não hesitou em dizer: "Nesta Regra beneditina a prudência une-se à simplicidade, a humildade cristã associa-se à coragem generosa, a doçura tempera a severidade e a santa liberdade enobrece a necessária obediência. Nessa, a correcção mantém o seu vigor, mas a indulgência e a bondade a adornam com suavidade; os preceitos conservam toda a sua firmeza, mas a obediência dá repouso ao espírito e paz às almas; o silêncio impõe-se pela sua gravidade, mas a conversação deixa-se embelezar por uma amável graça; e, finalmente, o exercício da autoridade não é desprovido de força, mas a fraqueza não carece de apoio"(ed. J. Lebarq, Paris, 1921, IV, p. 630). Não é de admirar que a fusão feliz da sabedoria humana e sobrenatural tenha produzido durante muitos séculos e até hoje os mais felizes frutos de cultura, de ciência, de arte, de progresso civilizacional e, sobretudo, de santidade.

A regra que S. Bento diz ser "para principiantes" (RB 73,8) tem gerado fileiras densas de santos para os dias de hoje: basta pensar no grande Agostinho de Cantuária, Beda, Bonifácio, Hugo, Pedro Damião, Anselmo, Estevão Harding, Bernardo, Gertrudes, Matilda, Hildegarda, Gregório VII e, mais recentemente, os bem-aventurados Columba Marmion, Plácido Riccardi, Fortunata Viti, os cardeais Dusmet e Schuster etc.


Um monge


UIOGD

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Convertei-vos e acreditai no Evangelho"


PAX


Na sua visita apostólica aos cristãos católicos em Portugal, o Papa Bento XVI escreveu no Livro de Honra do Santuário de Fátima estas palavras: "Convertei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1, 15). Estas palavras, proferidas por Jesus logo no início do seu ministério na Galileia, não pretendiam infundir o temor, nem desencorajar aqueles que o ouviam, mas levar alento e uma "melodia" de esperança a um mundo cravejado de injustiças e misérias humanas.


Como nos tempos de Jesus, coexistem hoje bem perto de nós (e, talvez, dentro de nós), situações de «não-vida» e de «não-dignidade» humana autêntica; e tal como nos tempos de Jesus, necessitamos de palavras de estímulo e de esperança para consolar os tristes e dar alento aos que choram.


Ao acedermos ao convite de Jesus sabemos que estamos a encontrar a Verdade, e, no entanto, ainda só estamos no início do caminho para ir ao seu encontro. O que Jesus nos pede é isso mesmo: que colaboremos com a Verdade para que, assim, façamos parte dela. E o que é a Verdade, senão o Amor que Ele derramou na Cruz, e do qual, espera, sejamos nós, agora, os transmissores? Caritas et Veritas (caridade e verdade) são, portanto, duas faces de uma mesma moeda, as quais constituem o ponto de partida do ministério de Pedro, sempre em analogia com o ministério de Jesus.



Obrigado, Santo Padre, pela feliz esperança que infundistes nos corações dos vossos irmãos, em Portugal!


UIOGD

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pão da Vida...


PAX

«... o pão de Deus é aquele que desce do Céu e dá a vida ao mundo.» Disseram-lhe então: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!» Respondeu-lhes Jesus:
«Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede. Mas já vo-lo disse: vós vistes-me e não credes. Todos os que o Pai me dá virão a mim; e quem vier a mim Eu não o rejeitarei, porque desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia. Esta é, pois, a vontade do meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.»
Os judeus puseram-se, então, a murmurar contra Ele por ter dito: 'Eu sou o pão que desceu do Céu'; e diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José, de quem nós conhecemos o pai e a mãe? Como se atreve a dizer agora: 'Eu desci do Céu'?»
Jesus disse-lhes, em resposta: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim. Não é que alguém tenha visto o Pai, a não ser aquele que tem a sua origem em Deus: esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.»
Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós..»
Jo 6, 33-53


O grande problema que este discurso provoca é o da fé. Jesus pede-nos duas coisas bastante difíceis: a primeira, crer que ele desceu do céu; a segunda, crer que podemos comer o seu corpo e beber o seu sangue. A reacção normal, humanamente falando, é recusar as duas coisas. O assombroso é que alguém aceite o que se diz. Aí está o mistério: por que há gente que crê em Jesus?!
A "resposta" de Jesus tem duas partes. Na primeira, quem actua é Deus: "ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair". Na segunda, o homem colabora: "todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim". Ou seja, que para ter fé fazem falta duas coisas: que Deus nos atraia e que nós escutemos Deus. Mas a iniciativa é sempre de Deus, sempre foi: recordemos a vocação de Abraão, de Moisés e de todos os Patriarcas. Recordemos, também, que não foram os discípulos que escolheram Jesus, senão o contrário. Contudo, todos nós podemos ter acesso à Palavra que Deus envia constantemente aos homens e mulheres do nosso tempo a fim de regressar ao Seu convívio, eternamente. Escutando Jesus ou perscrutando honestamente o seu coração, o homem dá-se conta de que não pode Viver sem Deus.

UIOGD

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Inter aeternas superum coronas...

Monaquismo: caminho para unir os povos da Europa?


Por Paolo Tanduo


MILÃO, terça-feira, 20 de abril de 2010


Em 18 de Março passado foi realizado em Milão um encontro com o vice-director do TG5 Andrea Pamparana, organizado pelo Centro Cultural Católico São Bento e pelo Comité Soci Coop Baggio. Partindo da trilogia Bento – Bernardo – Abelardo do monaquismo, discutimos o tema “O monaquismo: caminho para unir os povos da Europa?”.

Hoje, mais do que nunca, precisamos de monges, de verdadeiros beneditinos, de verdadeiros cistercienses e, porque não, de autênticos cartuxos, ainda que estes pareçam um tanto anacrónicos por não se ocuparem directamente de assuntos sociais. Assim, Andrea Pamparana deu início à sua conferência. São Bento desempenhou um papel fundamental na história do Ocidente e da Europa. Não foi apenas um gigante da fé, o fundador do monaquismo ocidental, mas também o precursor de um colossal projecto cultural. Sob a sua liderança, milhares de monges espalhados por toda a Europa salvaram a economia e os livros, o saber dos antigos, a filosofia de Platão e Aristóteles. Estes preservaram os elementos fundamentais da civilização greco-romana. Por tais homens letrados é que se transfundiram no rio da cultura antiga as novas forças representadas pela compreensão bíblico-cristã da essência humana. Os monges recolheram aquela herança, enriquecendo-a e divulgando-a. Esta fusão entre Jerusalém, Atenas e Roma foi o acto constitutivo do que hoje chamamos de Europa.

Hoje há uma renovada sede de Deus e de autenticidade. Peço aos meus amigos da Igreja, disse Pamparana, que me falem de Deus, porque Deus é um mistério. Há tantas pessoas que se questionam sobre a morte, sobre a vida e sobre Deus. Pamparana lembrou alguns episódios de sua vida ligados à figura de João Paulo II, de como este representou, com seu testemunho particular no momento de sofrimento decorrente de sua doença, algo de extraordinário que ficará na história, não apenas dos cristãos.

Assim como João Paulo II, também Bento, Bernardo e Abelardo representam algo que vale não apenas para os cristãos ou para aqueles que crêem em Deus, mas para o homem, para a pessoa, para a colectividade; são património de todos nós. O artigo 1º da regra beneditina é “Escuta, ó filho, as Palavras do Mestre”. Esta regra é fundamental numa sociedade como a nossa, onde, cada vez mais, a palavra “escutar” perde significado. A postura de Bento está profundamente ligada à concepção que tinha de sua própria missão. São Bento não pensava: “Agora salvarei o mundo de uma era de ferocidade sem precedentes”.

Os monges beneditinos implementaram as reformas de todo o sistema agrário, recuperaram áreas de cultivo degradadas, reconstituíram a economia europeia; a sua contribuição foi decisiva nos mais diversos campos. Basta lembrar que foi um monge quem desenvolveu a notação musical baseada no pentagrama, num mosteiro de Pomposa. Estas actividades tinham como única finalidade a salvação da humanidade.

São Bento buscava tão somente servir a Deus, conforme lembrou Bento XVI em seu discurso no Colégio dos Bernardinos em Paris em 2008: “na busca por Deus, tornam-se importantes as ciências seculares, que nos indicam um caminho através da linguagem. Pois a busca por Deus exigia a cultura da palavra, é parte integrante de todo mosteiro a biblioteca, que indica os caminhos por meio das palavras. Desta exigência intrínseca de se falar com Deus e de cantá-lo com as palavras por Ele doadas é que nasceu a música ocidental”.

Bento explica a seus monges que é com Jesus que a história muda. O conceito que temos de democracia nasceu em Atenas, mas a democracia ateniense não era para todos, não era de massa e sim para poucos, pois, no mundo antigo, havia os homens, que não trabalhavam, e havia os escravos. Jesus é novidade pela qual os homens passam a ser todos iguais. Será São Bento o responsável por levar esta ideia adiante. Ele nos mostra hoje que o homem, para estar de pé, necessita de duas dimensões: ora et labora, contemplação e acção. É com a sua Regra que se expande o sentimento e o desejo de servir a Deus, que passa a ser então a ligação fundamental entre a cultura ocidental e a redescoberta da cultura grega. Bento, escreve Pamparana no seu livro, indicava a seus discípulos as duas estradas do monaquismo: a primeira estrada diz respeito ao interior do homem, pois ser monge exige que congregue todas as forças e faculdades numa atenção e numa obediência exclusivas a Deus; a outra, é ser monge para o próximo.

São Bernardo quis que o monge, até então isolado na clausura, se pusesse a pregar; poucas pessoas percorreram tantos quilómetros como ele. Os Papas sempre necessitaram de Bernardo para resolver também problemas de natureza política – suas cartas são obras-primas de estratégia política. Quando Bernardo chega a Roma, o Papa Inocêncio, que era um monge, levanta-se para ir ao seu encontro, e chega a esboçar a intenção de inclinar-se; os cardeais presentes ficaram chocados; como poderia ser possível? o Papa ia ao encontro de Bernardo, e não o contrário.

Vem-me à mente a imagem de João Paulo II que, ao se tornar Papa, recebe os cardeais para as saudações, e quando chega a vez do cardeal Wyszyński, o impede de se ajoelhar, por considerá-lo como um pai, a quem deveria prestar homenagem. O mesmo ocorreu no encontro do Papa Inocêncio com Bernardo. Bernardo era um gigante, poderia ter sido Papa, rei ou imperador, disse Pamparana. Era de tal modo estimado que o rei da França o chamou para administrar as suas terras.

Bernardo chega a Milão vindo da Alemanha, onde esteve para repreender duramente um monge que havia acusado os judeus de deicídio, desencadeando assim um verdadeiro massacre. Bernardo considerava os judeus como irmãos mais velhos, e, por isso gozava de grande estima entre eles. Em Milão, a sua popularidade leva o povo a pedir que seja nomeado cardeal-arcebispo. Mas Bernardo não se interessa, desejando apenas voltar o mais rápido possível ao seu mosteiro para junto dos seus irmãos monges.

Os seus sermões importantíssimos, em particular os comentários do Cântico dos Cânticos, foram registados por seus monges, bem como as suas numerosas epístolas, cujo método de catalogação é ainda hoje estudado. Os milaneses presentearam Bernardo com um candelabro, uma obra-prima em ouro maciço ainda hoje conservada no Domo de Milão, na tentativa de convencê-lo; mas ele recusou. Sim, a clausura e a estrada: nenhum outro título seria mais adequado para descrever a história de São Bernardo. Uma história na qual o mistério da vida na clausura não conduz a um afastamento das angústias da existência, mas, ao contrário, nelas nos mergulha.

Por ocasião da morte de Gerardo, o seu irmão mais próximo, os outros monges o vêem a chorar e se perguntam: como aquele que sempre nos ensinou que a morte é a libertação que nos permite ir ao encontro de Deus pode agora chorar? E Bernardo responde de maneira genial; é um homem e chora pela morte de seu amigo, mas precisa resolver o problema educativo na sua relação com seus monges, e diz: “choro de alegria e de inveja deste que finalmente está junto de Nosso Pai”. Bernardo esconde uma coisa que é maravilhosa: a fraqueza dos homens.

Em Bernardo emerge a vivacidade inteligente e actuante da cultura religiosa medieval. Uma cultura na qual fé e vida se entrelaçam, na qual o santo era um homem mais capaz de humanidade, mais agudo ao olhar para o mundo e para os problemas da sociedade.

O movimento beneditino cresce e se torna importantíssimo também no plano económico e político, como acontece na abadia de Cluny. Os beneditinos tornam-se poderosos. Esta riqueza incomoda os jovens que buscavam viver a essência da regra beneditina. Nasce a reforma Cistercense. Bernardo se une a eles, e é redigida a carta da caridade, primeiro exemplo de carta constitucional de unidade da Europa.

Constitui-se uma vasta rede de mosteiros, e os monges já não eram franceses, alemães ou espanhóis: eram apenas monges. Mas como se comunicavam? Simples: havia o latim. Bernardo, com seus confrades, começa a construir mosteiros por toda a Europa. Também os cistercenses começam a acumular grandes riquezas – com o risco de perder de vista a essência da mensagem cristã, que coloca a pessoa no centro de tudo.

Neste período, os movimentos beneditino e cistercense encontram o movimento franciscano, que convoca novamente à pobreza e à proximidade dos mais pobres. Nascem, no movimento monástico, os Bancos do Santo Espírito e os Monti di Pietà (instituições financeiras sem fins lucrativos, voltadas ao crédito agrícola e aquilo que hoje apelidamos de microcrédito), com a possibilidade de apoiar os necessitados e dar aos pequenos empreendedores o que lhes fosse necessário: nasce assim a economia moderna.

Hoje, a nossa cultura tenta renegar as suas origens, com consequências devastadoras. A nossa cultura tem raízes profundas nas ideias de igualdade entre todos os homens, de igualdade entre homens e mulheres, do trabalho como algo que enobrece o homem, de liberdade. Pamaprana ilustrou essa verdade com um episódio do Evangelho: certa vez, um grupo de homens condenou à morte uma mulher adúltera; se fosse o contrário, o homem adúltero não seria condenado. Mas chega Jesus e diz: “que atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado”.

Jesus restabelece a igualdade entre todos os homens e também entre o homem e a mulher. Ensina-nos a amar o nosso próximo. Tais elementos não estão presentes em outras culturas; são próprios da nossa.

O carisma de Bernardo era tal que, conta-se, as esposas trancavam os maridos dentro de suas casas quando este passava, para evitar que eles o seguissem.

A nossa cultura conta, seguramente, também com Abelardo entre seus principais protagonistas. Este dizia a seus jovens: “para que possam crer, devem compreender, devem conhecer, devem saber”. Com Abelardo, muda-se definitivamente a história da educação, muda a concepção do estudo, nasce a universidade tal qual a conhecemos hoje. A influência de Abelardo foi imensa.

O final do século XII – erroneamente definido como uma época obscura, mas que na verdade viu brilhar uma formidável luz – deve a ele o gosto pelo rigor técnico e uma capacidade extraordinária de explicar e se fazer entender. Milhares de jovens de toda Europa deixaram suas casas para chegar, após viagens longas e perigosas, às escolas da França onde o mestre ensinava. Como escreveu o grande filósofo francês Etienne Gilson: “Abelardo estabeleceu um padrão intelectual abaixo do qual não se aceitará nunca mais descer”. Espírito lúcido e coração generoso, homem e professor dominado pela paixão. Amou e foi amado por uma mulher, Heloísa, cujo destino mais tarde foi ser intelectual e depois abadessa, estando entrelaçado até o fim à vida de seu antigo professor, depois esposo e mais tarde irmão na Igreja. Abelardo tornou-se monge após a sua história de paixão com Heloísa.

O encontro com outro grande homem de seu tempo, Bernardo de Claraval, alimentou séculos de lendas e boatos. Eram dois gigantes, que se enfrentaram, e Bernardo venceu o mestre Palatino, mas representavam duas faces de uma mesma moeda reluzente de sagacidade e santidade. Abelardo tinha razão ao dizer que para crer é preciso antes compreender. Abelardo e Bernardo possibilitaram à cultura europeia dar um enorme salto.



Fonte: ZENIT.org

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Oração, silêncio e estabilidade

PAX

A vida monástica de tradição beneditina, no seguimento, aliás, de toda a tradição oriental, tem como dimensão fundamental a oração. É com a oração que o monge beneditino começa o seu dia - na oração de Laudes (que significa louvor) - juntando a sua voz à voz de todos os cristãos espalhados pelo mundo. A oração, num mosteiro beneditino, é a verdadeira dinamizadora das relações fraternas - por referência a um PAI comum - e o alimento que nos impele a dar testemunho de Jesus Cristo.
Para além de orar em comunidade, no coro da igreja monástica, várias vezes durante o dia, os monges oram também no silêncio das suas celas (células ou quartos). A Lectio Divina (ou leitura orante da Palavra de Deus) diária é o momento em que, cada um, na sua mais profunda pessoalidade e individualidade (não confundir com individualismo) se coloca na atitude de escuta: de Deus e dos sinais dos tempos que se traduzem numa atenção constante a tudo o que diz respeito ao nosso mundo.

Mosteiro significa: casa dos solitários (monachos em grego - monge em português - quer dizer solitário, indiviso). O monge beneditino é, então, um solitário que vive na companhia de outros solitários. O monge é solitário porque não é esposo, ou seja, não se complementa por meio do casamento. Deste modo, o monge procura complementar-se na vida fraterna, na oração e no trabalho; dimensões onde Cristo também se faz presente. Ao longo do dia os irmãos têm a oportunidade para estarem a sós consigo próprios, quer quando trabalham, quer quando estudam. Procura-se um equilíbrio, necessário para a saúde mental e física de todos.
O silêncio é outro aspecto da vida monástica que tem uma importância vital. É no silêncio que buscamos Deus e ouvimos os outros: quem conhece bem o outro não necessita de muitas palavras; a experiência diz-nos que nos mosteiros onde não se consegue guardar silêncio, isto significa que as pessoas se conhecem mal umas às outras; necessitam de estar sempre a chamar a atenção para si próprias e por isso tornam-se ruidosas e superficiais. É evidente que não é só nos mosteiros que isto acontece; todos sabemos que, muitas vezes, as palavras, ou atrapalham, ou não chegam para exprimir o que verdadeiramente sentimos; o silêncio transforma-se, então, a única via de entendimento e comunicação.
A estabilidade é igualmente necessária para todos os monges. Em primeiro lugar, a estabilidade emocional ou psicológica; depois, a estabilidade física (num determinado espaço). A primeira é a mais importante e exige um grande cuidado. É muito comum haver, nas sociedades actuais, pessoas que não têm um norte, andam perdidas; estas pessoas necessitam de ajuda e, muitas vezes, não a têm. Algumas pensam que a solução é entrar numa comunidade religiosa ou mosteiro, onde eventualmente -pensam- já não sofreriam como no meio onde vivem. Isto é um erro, evidentemente. Nunca se entra num mosteiro pelo motivo de se estar decepcionado com a vida. Seria nocivo para o próprio e para a comunidade que o receber. Várias comunidades se extinguiram precisamente pela falta de vocação de muitos dos seus membros, ao mesmo tempo que alguns entraram em depressão, de que dificilmente recuperaram.
Por isso, é fundamental discernir, ver dentro de si as razões para a escolha deste caminho e não de outro. É importante ser sábio: o sábio é alguém que abraça a paciência e a humildade. Confrontado com dois caminhos não se lança irreflectidamente num deles; pensa, avalia e, depois de certo tempo, decide.
A estabilidade num determinado local e numa comunidade concreta ajuda ao discernimento e a viver sem stress, ao mesmo tempo que se realiza o ideal evangélico da vida em comum (koinonia) tal como os primeiros cristãos.

Oração, silêncio, estabilidade; eis três pilares fundamentais na construção de uma comunidade monástica. Se algum deles estiver a ser negligenciado, a longo prazo todo o edifício se desmorona. Estejamos atentos!

UIOGD

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A prenda!!!

Eram três filhos que saíram de casa, conseguiram bons empregos e prosperaram.
Anos depois, eles encontraram-se e estavam a discutir sobre os presentes que conseguiram comprar para a mãe, que já era bem idosa.

O primeiro disse:
-Eu consegui comprar uma mansão enorme para a mãe."
O segundo disse:
- Eu enviei-lhe um Mercedes topo de gama com motorista.
O terceiro sorriu e disse:
- Com certeza ganhei-vos em matéria de presentes. Vocês sabem como a mãe gosta da Bíblia, mas ela está praticamente cega e não consegue mais ler. Então, mandei-lhe um papagaio castanho, raro, que consegue recitar a Bíblia todinha. Foram 12 anos de treino num mosteiro, por 20 monges diferentes. Eu tive de doar 1000 contos por ano para o mosteiro, durante 10 anos, mas valeu a pena. A mãe precisa apenas dizer o capítulo e o
versículo, que o papagaio recita-o sem um único erro.

Tempo depois, os filhos receberam da mãe uma carta de agradecimento pelos presentes:
"José, a casa que me compraste é muito grande. Eu moro apenas num dos quartos e canso-me bastante a limpar a casa toda".

"Chico, eu estou muito velha para sair de casa e viajar. Eu fico em casa o tempo todo e nunca uso o Mercedes que me deste. E o motorista também é muito mal educado."

"Querido António, foste o único filho que teve bom senso para saber o que a tua mãe realmente gosta. Aquela galinha estava deliciosa, muito obrigada."

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Benedic!

Desejo que 2010 traga alegrias a muitas mais pessoas. Um Bom ano de Paz!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem esperamos!?


O que significa para nós, Cristãos, o Advento? Será que ainda estamos à espera d' Aquele que já veio? Contudo, tanto o Advento como o Natal não se resumem a simples comemorações, como acontece no dia do nosso aniversário ou nas bodas de ouro etc. O Advento acontece hoje; o Natal é, pouco importa se já foi (se se realizou somente no passado). O que é mais importante é que no Advento e no Natal entramos num tempo que não tem, fundamentalmente, sentido cronológico. Estes tempos, como aliás todos os restantes tempos litúrgicos, são os tempos da Graça. Não são os anos do menino Jesus que comemoramos; celebramos sim o começo da história da nossa Salvação que se manifesta a partir do momento em que se realiza em cada um de nós o Mistério da Encarnação e que só terá o seu cumprimento absoluto na Páscoa que há-de vir no fim dos tempos. Por isso estejamos atentos pois Ele cruza-se connosco constantemente: no pobre, no drogado, no peregrino, no ladrão, no trabalhador, no desempregado...
Ele irá questionar-nos: "que fizeste do teu irmão? Pois bem, foi a MIM que o fizeste!"
Concluindo: se Deus não encontrar um lugar em cada um de nós, não terá começado para nós a Alegria do NATAL.

A todos desejo a PAZ.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A lenda chinesa dos "três monges"


Conta-se, na China, existirem em tempos três monges.

Só faziam uma coisa: entravam numa aldeia, ficavam especados no local do mercado e começavam a rir.

Uma multidão se juntava em torno e, só de olhar para eles que riam com todo o seu ser, todos desatavam a rir.

Toda a aldeia se envolvia e, então, os monges dirigiam-se para outra aldeia.

Eram muito amados.

Era esse o seu único sermão, a única mensagem - aquele riso.

Não ensinavam nada, limitavam-se a criar a situação.

"Os três monges do riso" tornaram-se conhecidos em todo o país.

Toda a China os amava e os respeitava. Nunca alguém pregara aquele caminho - que a vida devia ser uma risada e nada mais, e eles nao riam de ninguém em particular, simplesmente riam, como se tivessem entendido a anedota cósmica.

Sem uma única palavra, espalharam imensa alegria por toda a China.

Quando lhes perguntavam os nomes, eles limitavam-se a rir, daí o nome "os três monges do riso".

Envelheceram e, numa aldeia, um dos três monges morreu.

Toda a aldeia ficou ansiosa e cheia de expectativas, agora, que um deles tinha morrido, havia um motivo para chorar. Ninguém conseguiia imaginar qualquer deles chorando.

Toda a aldeia se reuniu.

Os dois monges ladeavam de pé o cadáver do terceiro e riam compulsivamente. Então, os aldeãos, pediram "pelo menos expliquem-nos isto!".

Pela 1ª vez, eles falaram: "estamos a rir porque este homem venceu.

Estávamos sempre a pensar qual de nós morreria 1º e este homem derrotou-nos. Estamos a rir à nossa derrota, à sua vitória.

Além disso, ele viveu connosco muito anos, rimos juntos e desfrutámos de muita alegria. Não há melhor maneira de lhe desejar boa viagem.

Só somos capazes de rir".

Toda a aldeia estava triste, mas quando o cadáver do monge foi colocado na pira funerária, então todos compreenderam que não eram apenas os outros dois que se estavam a divertir - o terceiro homem, o que estava morto, também estava a rir.

Porque tinha dito aos seus companheiros "nao mudem as minhas vestes" contrariamente à tradiçao que, além de mudar as vestes mandava dar um banho.

"Não me dêem banho porque eu nunca estive sujo, ri tanto na minha vida que, perto de mim. não se pode acumular qualquer impureza.

O riso é sempre jovem e fresco. Por isso, nao me dêem banho nem mudem as minhas vestes".

Assim, por respeito, o fizeram . Quando o corpo foi colocado no fogo, depressa se aperceberam que havia muita coisa escondida sob as vestes: e essas coisas accionaram ... um fogo de artifício chinês!

Toda a aldeia desatou a rir e os outros dois disseram "seu malandro!

Morreste mas continuas a derrotar-nos.

És o último a rir."

(Enviado por um amigo, a quem agradeço)


Porquê viver na tristeza quando podemos deitar mão das coisas simples que nos dão esperança e força para viver na mais verdadeira alegria?
Uma vida "condimentada" pelo silêncio e ascese - como acontece na vida monástica - não tem que ser necessáriamente triste; aliás, se não houver alegria no seguimento de Jesus então é porque algo vai mal e teremos que fazer uma paragem para rever o caminho já percorrido e rever objectivos. A alegria é parte essencial no caminho dos monges porque eles se sentem configurados e amados por Deus, Pai e Guia de toda a Humanidade. Onde existe Amor, jamais a tristeza triunfa.